No final do Mês passado, publicamos a resenha do filme nacional Amores Urbanos [clique aqui e leia], agora chegou a vez de bater um papo com a Diretora do filme, Vera Egito. Ela nos conta mais sobre seu trabalho e as produções Nacionais e seu mais novo projeto.
– Quando o mundo do cinema pensa em Vera Egito, lembramos de Cannes em 2009. Depois disso se passaram 7 anos. Existiu muita pressão por um Longa, e como tudo isso te afetou nas escolhas do seu primeiro filme?
Acho que não teve pressão não. Eu filmei Amores Urbanos em 2014. Então, foi 5 anos depois de Cannes. Mas nesses 5 anos eu escrevi dois roteiros de longa (Serra Pelada e Rua Maria Antonia), dirigi um programa no GNT por três anos, mais 2 especiais de música para o mesmo canal, fiz 8 videoclipes, mais de 30 publicidades, tive uma filha. Enfim, foram anos intensos, que ao final culminaram em Amores Urbanos.
– Elo é um curta magnífico! Você acredita que essa experiência te ajudou muito mais nos seus trabalhos do mundo da música ou no seu longa?
Obrigada. Acho que é meu trabalho preferido até hoje. Acho impossível dividir esses dois universos. Elo tem essa ligação com a Elis Regina e, claro, isso ficou marcado em mim. Ano passado eu colaborei com o roteiro de “Elis”, do Hugo Prata, e esse universo veio à tona de novo. Mas cada filme me marca de uma forma muito profunda, como pessoa, antes de mais nada. Então, a influência do Elo e de tudo que eu já fiz está em todos os aspectos da minha vida.
– Todo mundo diz que fazer cinema no Brasil não é uma tarefa simples. Você que está dentro do processo, qual seria o maior problema para a nossa indústria cinematográfica?
São muitos os problemas. A captação de recursos é o primeiro. E o esquema cruel de exibição, que deixa seu filme uma semana em cartaz, é o último. Mas há muita gente, em todas as etapas, apaixonada e lutando para que o cinema siga forte no Brasil. Então, enquanto essas pessoas estiverem amando o cinema, ele seguirá.
– Por mais que o assunto ainda seja um pouco “batido” (mas nunca deve deixar de ser discutido) as questões de Gênero ainda é uma grande barreira para a direção ou mesmo áreas mais técnicas?
Não acho nem um pouco batido. Ano passado apenas 14% dos filmes brasileiros lançados comercialmente foram liderados por mulheres. Nenhum por uma mulher negra. Acho o tema atual, urgente e bem pouco explorado, inclusive. Não peça desculpas por tocar nesse assunto. Esse assunto é importantíssimo. É claro que é uma barreira. As mulheres são minoria na liderança de todas as equipes de cinema. E isso obviamente é um problema.
– Li que você é a diretora do filme “Rua Maria Antônia – A Incrível Batalha dos Estudantes” , como está o projeto e o que podemos esperar deste seu novo trabalho?
O projeto finalmente foi financiado. Filmaremos ano que vem em uma coprodução da Paranoid com a Globo Filmes e distribuição da Europa Filmes.